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CriadoMudo
 
terça-feira, março 23, 2004  


Pensar sobre o tempo passado e ver como os conceitos mudam faz um bem danado, não é? Ser adolescente, por muitas vezes, foi infernal. Mas passou, pra mim. Pra uma parte não e até tento entender os motivos, cavucar os porquês. Não sei se essas coisas estão ligadas à estrutura familiar (aposto muito nessa opção), nas situações – constrangedoras - diversas passadas enquanto crianças/adolescentes, na falta de lei e por aí vai.
Eu explico. Andei questionando as ‘morais’ implícitas na Amizade e constatei que, por vezes, me engano, me iludo. Sou romântica mesmo, sempre disfarço o lado ruim das pessoas queridas em prol das fofices, ainda que estas fiquem boa parte do tempo escondidas. Amigo, ao meu ver, não fala mal, não sacaneia por trás – na frente pode, se moderadamente-, não diz que ama e ‘desdiz’ em apoio a outros amigos (mesmo que eu saiba o real valor do amor que essa pessoa possa vir a ter por mim), não pensa só em conjunto abandonando as idéias individuais pelas coletivas. Amigo não está sempre do lado, amigo não é frenético, amigo pode e deve criticar, amigo não deixa margem para desconfiança, amigo erra, mas conserta e não volta a errar – não o mesmo erro, amigo não critica, toda vez, a sua roupa, amigo sabe conversar sério, ainda que no meio da agitação coletiva. Acho inadmissível desconfiar de amigo. É uma das piores sensações do mundo.
Aí entram as minhas questões!
Essa gente que pisa nos outros, que leva a vida como uma grande e interminável festa, cheia de glamour, que se ‘diz' kitsch, que se droga – ou não -, que foge de todo e qualquer 'limite', que acha que toda unanimidade é burra, que ser cool é ir contra os outros, que regras foram feitas para serem quebradas, que fazer sexo, brincar com sexo, fingir que faz sexo, dançar sexo, comer sexo, imitar sexo é a grande diversão... não, não dá.
Isso tudo pode parecer caretice, mas é o seguinte: Tudo isso pode - e deve! - ser divertido, mas não como vida, não como A Vida.
Engraçado que depois de escrever isso aqui, peguei o “Cartas” do Caio F. e li uma, escrita para a H.Hilst, que dizia assim:
“ (...) se você soubesse (...) como me distanciei de mim e das coisas em que acreditava: tenho participado de festas louquíssimas, na base da maconha, da nudez, jogo da verdade, bacanais, surubas. Por favor, queria tanto que me compreendesses. Ando muito sozinho, nessas festas se reúnem artistas plásticos, atores, atrizes, escritores – todos jovens, perdidos, desesperados – é uma coisa terrível. Chega a ser comovente a maneira errada como eles buscam a pureza, como eles tentam se convencer que os bacanais são a forma mais absoluta de comunicação: finjo o tempo todo, rio, sou alegre, dispersivo, com aquele brilho superficial e ridículo. E em cada fim de noite me sinto um lixo."


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